terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Critica: Scoop

Confesso que comecei a assistir Scoop sem entender muito o filme, e sem esperar muita coisa também, uma vez que a crítica recebida por ele foi inferior a de Match Point. O misto de comédia de humor negro com tema sobrenatural pode não funcionar com todo mundo, mas, para mim, nesse filme, funcionou muito bem.

Primeiramente pela sacada do roteirista/diretor de encaixar as tiradas cômicas, presentes em grande parte dos diálogos, no momento certo, fazendo com que tudo flua com naturalidade. Algumas cenas em que Allen, que também atua no filme como um dos personagens principais, chegam a dar a impressão de serem improvisadas – porém, com perfeição.

O filme, que foi lançado em 2006, trás no elenco, novamente, a nova musa do diretor: Scalett Johansson (como a estudante de jornalismo Sondra Pransky), Hugh Jackman (vivendo o atraente milionário Peter Lyman) e Woody Allen (que interpreta, maravilhosamente, o excêntrico e hilário mágico Sid Waterman).

Na trama, após a morte, um famoso jornalista descobre a identidade de um maníaco assassino de mulheres, responsável por ataques misteriosos que vêm acontecendo em Londres, e resolver ir à procura de um jornalista ainda vivo a fim de conseguir seu último furo de reportagem. Aparece, então, em uma apresentação de mágica de Sid Waterman e, assim, chega até a desajeitada, porém sensual jornalista iniciante Sondra Pransky, a quem revela sua descoberta e convence a se aproximar do suspeito dos assassinatos com o objetivo de obter provas que possam incriminá-lo.

Sondra, assumindo outra identidade, e contatando com a ajuda de Sid, consegue ganhar a confiança de Peter Lyman e, mais do que isso acaba se envolvendo amorosamente com o rapaz.

No decorrer da história, pistas surgem para tornarem mais concretas as suspeitas de Sondra porém, para o espectador, fica o tempo todo a dúvida sobre a veracidade de tais acusações. O caráter do personagem vivido por Jackman (que está melhor do que nunca nesse filme) nos faz questionar até que ponto o falecido jornalista pode estar certo; e se vale a pena para Sondra prosseguir com suas investigações, mesmo sabendo que terá seu relacionamento findado com o que pode descobrir. Assim como Match Point, esse é mais um filme de diálogos do que um filme visual. São eles que sustentam e potencializam a história. E, quanto às atuações, não que eu seja contra a jovem e bela atriz que, pela segunda vez, faz parceria com o diretor, mas, na minha opinião, há (muitas) atrizes melhores e que desenvolveriam a personagem de forma mais convincente. Quanto ao time masculino, não há o que falar – estão todos impecáveis, carismáticos e espontâneos. Tanto que, nem chega a ser difícil de se acostumar com a forma com que Allen interpreta Sid, gaguejando as palavras compulsivamente (algo que pode irritar no início). Mas, definitivamente, o forte de Scoop é o humor, coisa que Match Point, por ser essencialmente um drama, não tem.

Por fim dois filmes diferentes, com suas características individuais, mas que, com certeza, agradarão muito àqueles de mente aberta e dispostos a apreciar obras que não são necessariamente blockbusters. E, o melhor, ambos frutos da mente talentosa de uma só pessoa, capaz de desenvolver gêneros diferentes de forma admirável.

Fotos e texto por: Maurício O. Freire

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