quarta-feira, 30 de julho de 2008

Primeiras impressões: Clube da Luta

Andei me perguntando: porque gosto tanto de Cinema??
A resposta é simples e óbvia:
Aprendi muito mais no Cinema do que nos 11 anos de escola, 3 de faculdade!
Sim!!
É claro que NÃO me refiro à conhecimento técnico.

Afinal, o que aprendemos na escola??
Apenas são jogadas informações sobre fatos e constatações, e nós apenas às absorvemos, sem nenhuma aplicação na nossa vida.
Nós não aprendemos a pensar, não formamos opinião.

No Cinema, ao contrário, aprendemos a pensar, a termos opinião, a decidirmos por conta própria.
É claro que depende do filme, e da nossa interpretação também.

Clube da Luta faz isso com muita maestria. Pelo nome, parece mais um filme sessão da tarde...
Grande engano. Realmente me surpreendi com o filme.
Estou pra dizer que senti o mesmo impacto que o causado pelo filme Matrix!

O filme conta a história de um homem que trabalha como investigador de seguros. Ele vive com insônia e, segundo ele mesmo, "estar com insônia é como se não estivéssemos nem acordado e nem dormindo direito".

Num determinado momento, ele descobre que indo em grupos de auto-ajuda, com os alcoólicos anônimos, o faz ter uma ótima noite de sono, mesmo não tendo problema nenhum!

Até que ele conhece o anárquico Tyler. Num determinado momento, os dois começam a brigar sem nenhum motivo aparente. Depois da briga, que não há vencedores, ambos se sentem muito aliviados!
E fundam, assim, o clube da luta.

Mas o clube não se encerra nas brigas. Não nos esqueçamos das lições de casa que Tyler dá para seus discípulos, incluino o próprio protagonista (não posso contar aqui, senão o filme perde a graça).

A metáfora do Clube da Luta é muito interessante. Todos os homens que vão para os clubes da luta no filme são pessoas perdidas, insatisfeita com o modo de vida prometido pela mídia.

Não pense que as mensagens do filme acabam por aí!
É tanta coisa pra ser aprendida com o filme que o espaço que tenho aqui não é suficiente.
E mesmo que fosse, eu não diria, rs. Afinal, o filme não teria mais tanta graça assim se eu contasse.

Um filme anárquico, subversivo!
Nos faz pensar e repensar muito. Uma crítica à sociedade e ao nosso modo de vida!

As atuações são brilhantes. Edward Norton como o protagonista (o personagem não tem nome mesmo), e Brad Pitt como Tyler.
O roteiro do filme é inteligente, ágil e prende desde o primeiro momento.
A quantidade de informação jogada na tela é impressionante.
Sem contar o final interessantíssimo, surpreendente.

Um filme raro, revolucionário, polêmico, inovador.
Muda nossa forma de pensar.
Imperdível!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Resenha: Rendez-Vous


Artista: Jean-Michel Jarre
Álbum: Rendez-Vous
Ano: 1986
País: França

Avaliação:


Músicas:

1. First Rendez-Vous (2:54)

2. Second Rendez-Vous (10:55)
- Subdividida em 4 partes

3. Third Rendez-Vous (3:31)

4. Fourth Rendez-Vous (3:57)

5. Fifth Rendez-Vous (7:41)
- Subdividida em 3 partes

6. Last Rendez-Vous (Ron's Piece) (6:04)

Tempo total: 35:05


Integrantes:
- Jean-Michel Jarre: Seiko DS 250, Synthex, Moog (1), Roland JX 8P, Fairlight CMI (4), E-mu Emulator II, Eminent, EMS Synthi AKS, Harpe Laser (2), RMI, OBX, DX 100, Matrisequencer, Roland TR-808, Lynn 9000, Prophet, Casio CZ 5000, ARP 2600 (3)
- Michel Geiss: ARP 2600 (3), Eminent, Matrisequencer, Roland TR-808
- Dominique Perner: Memory Moog
- Joe Hammer: Drumulator, percussions
- David Jarre: Baby Korg personal keyboard
- Pierre Gossez: Saxofone (em "Last Rendez-Vous")

Composto e arranjado por: Jean-Michel Jarre.

Contracapa com foto do "frenchman"

Inspirado nas viagens espaciais, este é um dos álbuns mais originais do "frenchman" da música eletrônica.
Precisamente coeso, tem um clima ao mesmo tempo espacial, dramático, melancólico e atmosférico. Lembrando que praticamente não há pausa entre as músicas, com excessão de uma pausa central devido a divisão em lado A e lado B do disco de vinil original.

Vamos as músicas:

(1) Sintetizador Moog (usado nos solos, principalmente nos agudos)

1. First Rendez-Vous (2:54)

A faixa inicial funciona perfeitamente como uma pequena introdução, preparando-nos para o que virá depois.
Inicia-se com um som extremamente sombrio, uma "respiração monstruosa" que vai dando lugar para o tema principal, que é melancólico, suave e etéreo.

2. Second Rendez-Vous (10:55)

Um verdadeiro épico de Jean-Michel Jarre. Bem dramática, e com um ar de música clássica.

Foi dividida em quatro partes na versão em CD.

Parte 1: somos apresentados ao tema principal, que se repete e evolui, à semelhança de uma música clássica, bem dramática.

Parte 2: também dramática, ouvimos uma melodia produzida por uma voz humana, semelhante à voz soprano de ópera, mas imitada por um teclado! Um tema épico e exótico.

Parte 3: este parece ser o "desenvolvimento" da música que, semelhante à música clássica, é quando o compositor "viaja". Ouvimos um novo tema, tocado num timbre vibrante, metálico, quase robótico. É um tema bastante futurista e espacial, mas ainda permanece o clima épico inicial da música.

Parte 4: chegamos ao clímax da música. Voltamos ao tema inicial, mas desta vez bem mais dramático (como um gran-finale), e o que há de melhor: o tema é acompanhado por um coral, o que aumenta a sensação de épico.

E a música termina com um único acorde cantado pelo coral, no momento em que um prato está sendo tocado, pra marcar bem o final.

Pra mim ainda é uma das músicas mais impressionantes e dramáticas deste compositor!

(2) Jarre tocando Harpe Laser

3. Third Rendez-Vous (3:31)

Somos brindados com mais uma música dramática! Desta vez otema inteiro é tocado com aquele timbre metálico, e acompanhado por um som abafado, que lembra sutilmente um coral.
Esta música tem uma esrutura bem tradicional, com uma curta introdução, um tema principal, desenvolvimento e reapresentação do tema principal.
No desenvolvimento, junto com um som de prato (distorcido por efeitos eletrônicos), ouvimos um tema deslumbrante e, ao mesmo tempo, trágico.
A música termina triste, com uma nota grave, sumindo.
Novamente uma música marcante!

(3) Sintetizador ARP 2600 (responsável pelo timbre suave, que lembra orquestra)

4. Fourth Rendez-Vous (3:57)

Depois de uma longa pausa (este seria o lado B do disco) ouvimos uma batida bem pop, quase techno, e somos apresentados a um tema bem festivo! Um enorme contraste em relação as músicas anteriores. Apesar de ser aparentemente mais comercial, funciona bem no contexto do disco, dando um alívio em relação aos temas dramáticos da metade anterior do álbum.
O trecho central é ainda mais festivo, lembrando uma comemoração de fim de ano!
A música é encerrada com uma respiração (mais humana que a respiração do início do álbum), que emenda com o início da próxima música.

(4) Fairlight CMI (sampleador, responsável pelos "barulhinhos" e "vozes")

5. Fifth Rendez-Vous (7:41)

Talvez a música mais "voyage" de Jean-Michel Jarre.
Também foi dividida na versão do CD, em três partes.

Parte 1: é um tema sereno, tocado num timbre suave. Ainda mantém o clima espacial, mas mais "orgânico". Depois ouvimos acordes num tema de suspense, e temos a sensação de estarmos entrando num vórtice!

Parte 2: a mais "viagem"!
Ouvimos um dos recursos mais interessantes, que fora muito pouco usado na música popular: o reaproveitamento de temas anteriores, algo muito usado na música Clássica.
Neste caso é um tema da música anterior (Fourth Rendez-Vous) usado para criar a sensação de "flash-back", como se estivéssimos sonhando, vendo "Deja-Vu's". É algo bem rápido, para, logo em seguida, ouvirmos um tema tocada por aquela "voz soprano artificial" novamente.

Parte 3: ouvimos um tema acelerado, que dá uma sensação de velocidade. Eu sempre vejo formigas correndo. A música termina com um ar majestoso, de encerramento.

Ronald McNair


6. Last Rendez-Vous - Ron's Piece (6:04)

O "Last" e o "Ron's Piece" do título é porque a música é um Requiem (música fúnebre) composta para homenagear Ronald McNair.

Ron McNair era um astronauta, que iria para o espaço na Space Shuttle Challenger. A idéia original de Jarre era fazer um show em Houston, com transmissão ao vivo do espaço para o telão, em que o astronauta tocaria saxofone junto com o tecladista.
Mas a Challenger explodiu no lançamente, deixando Jarre deprimido, fazendo com que ele tivesse quase desistido do show e do lançamento do álbum.
O álbum foi lançado e o show realizado, mas como uma homenagem aos astronautas, principalmente à McNair (fonte: "Making a Steamroller Fly", documentário com a presença do próprio Jarre).

De fato, o tema é triste e fúnebre, mas ainda assim atmosférico, suave.
Inicia-se com uma batida de coração muito lenta, acompanhada por acordes tristes, mas muito suaves.
E de repente...Oh! Um saxofone!!
O tema é muito bonito, sensível, suavemente Jazzístico, tocado pelo saxofonista Pierre Gossez.
No meio da música inicia-se uma batida, ainda que leve, transmitindo a sensação de "aceleração", de que o "final derradeiro" se aproxima.
O tema triste tocado pelo sax continua, evolui e finaliza a música.

Encerra-se com uma frase melódica no sax, dando uma sensação melancólica de fim, mas com um toque de esperança, e a última batida do coração...

Uma das músicas mais sensíveis de Jean-Michel Jarre!!


O impressionante show de J. M. Jarre em Houston

Conclusão

Este álbum foi muito famoso. Não sei se foi o mais vendido mas, pelo menos aqui no estado de São Paulo, é muito fácil de encontrar o LP. Está em praticamente qualquer sebo que venda vinis. Com certeza um dos motivos de ter aumentato a fama foi a tragédia da Challenger, mas isso não diminui o fato de este álbum, na minha humilde opinião, ser uma obra de arte!

Um álbum muito bem construído. Merece fazer parte da coleção!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Encontros e Desencontros

(Lost In Translation, 2003)

Cartaz 1


Cartaz 2

Gênero: Drama
Duração: 102 min
Origem: EUA - Japão
Estúdio: UIP Brasil
Direção:Sofia Coppola
Roteiro:Sofia Coppola
Produção: Francis Ford Coppola, Sofia Coppola, Mitch Glazer, Ross Katz, Fred Roos
Elenco:
Scarlett Johansson
Charlotte
Bill Murray
Bob Harris
Akiko Takeshita
Ms. Kawasaki
Giovanni Ribisi
John
Kazuyoshi Minamimagoe
Imprensa
Kazuko Shibata
Imprensa
Take
Imprensa
Ryuichiro Baba
Concierge
Akira Yamaguchi
Bellboy
Catherine Lambert
Cantora de Jazz


Assisti "Encontros e Desencontros" ontem (domingo).
Pelo que me falaram do filme de Sofia Coppola , já assisti esperando uma ótima película.

Por ter um roteiro minimalista, confesso que, de início, fiquei um pouco decepcionado.
É um filme "parado". Me parecia "frio"...

Me enganei! Na verdade é o exato oposto: é um filme muito sensível!
Convence com poucas palavras e gestos, com simples olhares!


A partir de determinado momento, comecei a me identificar com o filme.
Me identifiquei principalmente com as crises da Charlotte. Não só com a solidão, como também com as "dúvidas profissionais".
Além disso, Bill Murray está ótimo (já sabia que ele é um ótimo ator, agora está mais do que confirmado).
Scarlett Johansson é quem interpreta Charlotte. Além de linda, é uma ótima atriz! Seus olhares são cativantes, sinceros!
Já disse que me identifiquei com Charlotte, certo? Principalmente por ter feito filosofia! Não fiz filosofia (ainda), mas sempre tive vontade.

Uma das cenas que minha admiração pela personagem cresceu foi no momento da conversa entre ela, seu marido e a amiga do marido, que é "cabeça-oca"! xD
A comparação faz Charlotte subir num trono! (e se sentir ainda mais solitária)

Mas talvez o detalhe decisivo, por incrível que pareça, foi a fotografia do filme!
Me identifiquei com a fotografia...
"Mas como alguém pode se identificar com a fotografia de um filme??? Hein? Hein? Hein???"
Eu adoro fotografia!! Reparo muito nesses detalhes! E posso dizer com certeza que o filme é construído exatamente da forma que eu o faria!
O jeito que a cidade de Tóquio é absorvida pelo filme é perfeita, chegando a se comportar como uma personagem! Me senti em Tóquio, mesmo sem conhecer a cidade!
Fiquei com vontade de filmar São Paulo agora! =D (São Paulo é uma cidade muito cinematográfica, já repararam?)


Um ótimo filme, pra ser assistido mais de uma vez...porque, talvez, da primeira vez, não conseguiremos captar toda a mensagem, apesar de simples. Temos que assistir no ritmo que o filme pede, e com a calma e sensibilidade que ele transmite!